Se você está sentindo dor no braço por movimento repetitivo no trabalho, esse artigo é pra você.
Eu sei bem que, muitas vezes, a gente ignora a dor no começo. Vai empurrando com a barriga, achando que vai passar. Só que o problema pode piorar se você não buscar ajuda logo.
Hoje eu quero te mostrar quais são os seus direitos trabalhistas nesse tipo de situação e como você pode agir para não sair no prejuízo. Afinal, se o seu corpo está sofrendo por conta do trabalho.
Aqui você vai entender, de forma simples, o que fazer, por onde começar e como se proteger. O importante é não deixar isso pra depois.
Se preferir, pode ir direto ao ponto que mais te interessa no índice abaixo:
Nesse artigo você vai entender:
O que é doença ocupacional?
Antes de mais nada, a gente precisa entender o que é uma doença ocupacional, porque os seus direitos trabalhistas estão diretamente ligados a essa condição.
Pra facilitar: doenças ocupacionais são problemas de saúde que aparecem ou pioram por causa da forma como você trabalha.
Ou seja, se a atividade que você faz no dia a dia está prejudicando o seu corpo, isso pode ser sim uma doença ocupacional.
Normalmente, essas doenças surgem por conta de três fatores muito comuns:
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Movimentos repetitivos
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Postura incorreta durante o trabalho
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Excesso de carga ou esforço físico
E tem mais: a lei considera a doença ocupacional como se fosse um acidente de trabalho. Isso é muito importante, porque significa que você tem direito à proteção legal, como se tivesse sofrido um acidente no ambiente de trabalho.
Olha o que diz o art. 20 da lei 8.213/91:
Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I – doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.
Dessa forma, uma dor no braço, pode não ser nada, como também pode representar a existência de alguma lesão decorrente do trabalho.
Assim, é fundamental conhecer os seus direitos trabalhistas.
Doenças causadas por movimentos repetitivos no trabalho
Algumas profissões exigem que a gente repita o mesmo movimento durante horas seguidas, todos os dias.
E o pior: muitas vezes, sem qualquer tipo de preparo, orientação ou cuidado com a postura.
Quer um exemplo?
Pensa em um auxiliar de serviços gerais, que precisa varrer dezenas de salas por dia, fazendo aquele movimento de vai e vem com o braço o tempo todo.
Ou então os trabalhadores de indústrias, que passam a jornada inteira na linha de produção, montando peça por peça com o mesmo movimento repetitivo.
Sem treinamento adequado e sem medidas de segurança, as chances de desenvolver uma lesão são enormes.
Por isso, quem trabalha nessa situação costuma desenvolver doenças como:
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Tendinite
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Bursite
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Epicondilite
Se você começou a sentir dor em alguma parte do corpo, principalmente braços, ombros ou punhos, e também realiza tarefas repetitivas, usa muita força ou trabalha com a postura incorreta, não ignore os sinais.
Procure um médico o quanto antes! Um diagnóstico correto pode fazer toda a diferença, não só para a sua saúde, mas também para garantir os seus direitos, como eu vou te mostrar mais adiante.
Dor no braço por movimento repetitivo e os direitos trabalhistas
Se você desenvolveu ou teve uma lesão agravada por fazer movimentos repetitivos no trabalho, saiba que pode ter direito a diversas verbas trabalhistas.
Veja os principais direitos que o trabalhador pode exigir nesse tipo de situação:
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Indenização por danos morais
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Indenização por danos materiais
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Pensão vitalícia
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Estabilidade no emprego
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Danos estéticos
Todos os dias eu atendo trabalhadores que estão passando por isso. E sabe qual é o sentimento mais comum que escuto deles?
Angústia.
A pessoa não sabe se vai conseguir manter o emprego com a lesão, como vai sustentar a família, ou se um dia conseguirá voltar ao mercado de trabalho. Tudo isso afeta diretamente o psicológico e não é pouca coisa.
Por isso, a indenização por danos morais tem o papel de compensar esse sofrimento emocional. Afinal, ninguém escolhe adoecer no trabalho.
Já a indenização por danos materiais serve para cobrir os gastos que você teve com a lesão, como consultas médicas, medicamentos, exames e até deslocamentos. Então é muito importante guardar recibos, notas fiscais e qualquer outro comprovante.
A pensão vitalícia, por sua vez, pode ser devida quando a lesão deixa sequelas permanentes, sejam elas parciais ou totais. Nesses casos, a empresa deve pagar um valor mensal pro resto da vida do trabalhador afetado.
Ademais, quem sofre um acidente de trabalho ou desenvolve uma doença ocupacional não pode ser demitido nos 12 meses seguintes ao retorno do afastamento pelo INSS.
Mas atenção: se você só descobriu a lesão depois de sair da empresa, esse direito vira uma indenização substitutiva, ou seja, a empresa pode ser condenada a te pagar o equivalente a 1 ano de salário.
E ainda existe o chamado dano estético, que é uma forma de compensação quando a lesão deixa alguma marca visível no corpo, como cicatrizes que causem desconforto social ou constrangimento.
Dor no braço por movimento repetitivo, o que fazer?
Bom, agora que você já entendeu o que é uma doença ocupacional e quais são os direitos trabalhistas de quem sofre esse tipo de lesão, vamos para a parte prática: o que fazer se estiver passando por isso?
O primeiro passo é procurar um médico. Se você sente dores no braço e, no seu trabalho, faz movimentos repetitivos, usa força excessiva ou mantém uma postura inadequada, não espere piorar. Vá ao médico o quanto antes.
Muito provavelmente ele vai pedir alguns exames para investigar a causa da dor. E isso é ótimo, porque o diagnóstico certo é essencial pra que você tenha provas do problema.
Quando sair o resultado, pergunte ao médico se a lesão tem relação com o trabalho que você realiza. Isso pode fazer toda a diferença para garantir os seus direitos depois, principalmente na Justiça.
Depois disso, fale com um advogado trabalhista de confiança. Esse profissional vai te orientar sobre o que é possível pedir com base no seu caso e quais provas você vai precisar reunir.
Não espere que a empresa resolva tudo sozinha, porque, na prática, isso quase nunca acontece.
Aliás, o que mais vejo por aqui é empresa que sabe do problema, mas tenta resolver “por fora”, oferecendo um valor bem abaixo do que o trabalhador realmente teria direito.
Não caia nessa. Antes de aceitar qualquer proposta, procure orientação jurídica. Você pode estar abrindo mão de uma indenização justa, de estabilidade no emprego, pensão vitalícia e outros direitos que fazem toda a diferença.
Como provar lesão no braço por movimento repetitivo?
Essa é uma das dúvidas mais comuns que eu recebo. Afinal, não basta ter dor no braço é preciso provar que ela tem relação com o trabalho.
Faça exames médicos. Com isso, você vai ter um diagnóstico preciso da sua lesão, o que já é uma prova importante no processo.
Mas só isso não é suficiente. Também é preciso comprovar que essa doença foi causada pelas atividades que você realiza na empresa.
Durante a ação trabalhista, você vai passar por uma perícia médica judicial. Nessa etapa, o perito analisa todos os documentos, laudos, relatos e provas que você apresentar.
E é aqui que muita gente erra por não se preparar bem.
Por isso, registre o seu dia a dia de trabalho. Grave vídeos e tire fotos mostrando como você realiza suas funções.
Pode ser montando peças na linha de produção, limpando ambientes, varrendo o chão ou carregando peso, não importa qual é o seu cargo.
O que realmente importa é mostrar que o seu trabalho exige movimentos repetitivos, postura inadequada ou esforço físico acima do normal.
Essas imagens ajudam a ilustrar a sua rotina e deixam claro para o juiz e para o perito que pode existir, sim, uma relação entre a sua lesão e o tipo de atividade que você exercia.
Então, se você ainda está trabalhando ou tem acesso ao ambiente de trabalho, comece a reunir essas provas o quanto antes. Isso pode fazer toda a diferença no resultado do processo.
Qual o valor da indenização no caso de dor no braço por movimento repetitivo?
Essa é uma pergunta que eu recebo com frequência e já vou te adiantar que não existe um valor fixo. Tudo depende das circunstâncias do seu caso.
O juiz vai analisar vários fatores, como o grau da sua lesão, se a empresa tentou corrigir o problema de alguma forma, e até a condição financeira da empresa e do empregado.
Além disso, idade, tempo de casa e salário também pesam bastante na hora de calcular os valores.
Quando a gente fala de danos morais, o valor costuma variar entre R$ 5 mil e R$ 20 mil.
Mas claro, isso pode aumentar (ou diminuir) dependendo do sofrimento envolvido e da gravidade da situação.
Já na pensão vitalícia, o cálculo é mais complexo.
O juiz vai levar em conta quanto você ganhava, sua idade e o grau de incapacidade para o trabalho. Por isso, os valores costumam variar bastante, indo de R$ 30 mil até mais de R$ 300 mil.
No caso dos danos materiais, a conta envolve os gastos reais que você teve com a lesão, como consultas, exames, medicamentos, fisioterapia e outros tratamentos. Por isso, guarde todas as notas e recibos.
E tem também a indenização pela estabilidade. Se você descobriu a doença depois de sair da empresa, e a lesão tiver ligação com o trabalho, você pode receber o equivalente a 12 meses do seu salário.
Em resumo: cada caso é único, mas os valores podem ser bem significativos. Por isso, se você está passando por isso, vale a pena buscar orientação jurídica o quanto antes.
Dicas especiais em caso de dor no braço por movimento repetitivo
Se você está lidando com uma lesão no braço causada por esforço repetitivo no trabalho, é fundamental tomar alguns cuidados desde o começo.
Infelizmente, muitas empresas ainda têm resistência em lidar com empregados lesionados, e algumas até tentam se livrar desses funcionários de forma totalmente indevida.
Por isso, aqui vão algumas dicas que podem te proteger e fazer toda a diferença no seu caso:
1. Peça a abertura da CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) assim que tiver o diagnóstico da lesão e precisar se afastar.
Esse documento é essencial para o INSS analisar seu caso e liberar o benefício de auxílio-doença acidentário.
Esse benefício garante que, quando você voltar ao trabalho, terá estabilidade no emprego por pelo menos 12 meses.
2. Faça tudo por escrito ou grave as conversas. Se você for pedir a abertura da CAT, envie por mensagem ou e-mail, para ficar com a prova.
Se preferir pedir pessoalmente, grave a conversa no celular.
Isso vale também se o RH ou algum superior te chamar para conversar durante o tratamento. Se houver qualquer tipo de pressão ou coação, você terá como provar.
3. Guarde tudo. Entregou atestado médico? Tire uma foto, fique com uma cópia e peça recibo de entrega.
Parece simples, mas são esses detalhes que ajudam a provar o que aconteceu caso precise entrar com uma ação.
4. Foi demitido enquanto ainda estava em tratamento? Nesse caso, você pode pedir na Justiça o pagamento de indenização por danos morais.
A empresa não pode se livrar do problema como se nada tivesse acontecido.
Conclusão
Agora já sabe exatamente o que fazer em caso de dor no braço causada por movimentos repetitivos no trabalho.
Expliquei de forma simples e direta quais são os seus direitos trabalhistas, como provar a lesão, quais indenizações podem ser cobradas e ainda te dei dicas valiosas que fazem toda a diferença em um processo trabalhista, como, por exemplo, a importância de pedir a abertura da CAT.
E olha, tem algo que eu sempre digo: a sua saúde vem em primeiro lugar. Sem ela, nenhum salário ou emprego vale a pena.
Se você está passando por essa situação, não enfrente isso sozinho. Converse com um advogado trabalhista de confiança para tirar suas dúvidas e entender como agir com segurança.
Até a próxima!